segunda-feira, 21 de abril de 2014

Almoço de Páscoa na Catedral termina em confusão entre PMs e acampados

Antigos ocupantes do terreno da Oi estavam do lado de fora da igreja, quando identificaram policiais do serviço reservado.


PATRÍCIA TEIXEIRA

Rio - Uma confusão envolvendo cerca de 30 pessoas quase atrapalhou o tradicional almoço que acontece todo domingo de Páscoa na Catedral Metropolitana do Rio, no Centro da cidade. Quinze minutos após o início da entrega das quentinhas (compostas por feijoada, bombom e guaraná natural), alguns ocupantes do terreno da Oi, que estão abrigados no pátio da Catedral, se envolveram em uma discussão com policiais do Batalhão de Choque a 100m do local.

Tudo começou quando algumas pessoas foram tirar satisfação com policiais do serviço reservado da PM (P-2) que estavam à paisana dentro de um carro branco estacionado no pátio da igreja. "Eles vieram aqui perguntar o que estávamos fazendo e nós respondemos que estávamos só olhando. Eles começaram a se exaltar e quando nos identificamos, eles começaram com xingamentos. Um deles me desacatou, eu dei voz de prisão a ele e ele quis reagir, por isso, o agarrei pelo pescoço e o coloquei dentro no veículo", explica o sargento Tarcísio, do Batalhão de Choque.

"Um homem me deu uma paulada nas costas, outros jogaram comida no carro, quebraram o retrovisor do carro e ainda tiraram o cara que estava detido de dentro do carro. Vou registrar o caso na 5ªDP (Mem de Sá), conseguimos pegar a identidade de um dos caras que estavam envolvidos na manifestação", acrescentou o policial, justificando o motivo pelo qual estava no local.

"Eu sou PM, recebo ordens para monitorar o que eles (manifestantes) estão fazendo, ver como estão os ânimos. Se eles quiserem depredar alguma coisa, temos que acionar o Choque. Não coloquei a arma na cabeça de ninguém, como falaram, duvido que alguma câmera aqui tenha filmado isso. Eu dei voz de prisão para o jovem e ele reagiu, por isso o agarrei pelo pescoço e o coloquei no veículo".


A situação só foi controlada após a chegada da Polícia Militar, que estava no local para o almoço de Páscoa oferecido aos moradores de rua. Dom Roberto, que também trabalha com o cardeal Dom Orani Tempesta, pediu para que os P-2 se retirassem do pátio da igreja.

"Estamos aqui para dialogar e trazer a paz. Não queremos violência. Os moradores do prédio da Telerj querem que a gente faça uma mediação com o governo. Aqui, hoje, existem dois grupos distintos. Os da cultura de rua e os que estão buscando moradia. A Igreja está ouvindo essas pessoas, já deu para detectar quem são os líderes e percebo que eles escutam. Mas dá pra ver também que tem gente que não faz parte disso, está aqui com outras finalidades. Assim como falei para os policiais, também falei para o pessoal da Telerj que aqui é território da igreja e eles têm que respeitar. O ideal é que aqui dentro não tenha polícia, já temos os religiosos que estão dialogando com eles. Mas vale lembrar que esse é um problema do Estado, nós apenas entramos com o diálogo. Aqui, não queremos que aconteça o que aconteceu no prédio da Telerj e na Prefeitura. Pedi que os P-2 se retirassem. Sei que quem causou essa confusão foram pessoas infiltradas, aqui não pode fazer baderna", disse Dom Roberto.

O jovem que foi detido pelos policiais e que conseguiu sair do carro, se identificou apenas como Diego e não quis dizer de onde era, nem a idade que tinha. Ele foi agarrado pelo policial e colocado dentro do carro após ter desacatado a voz de prisão. "Os policiais falaram que iam me levar para a delegacia, estão dizendo que a gente estava ameaçando eles, um me deu um 'mata-leão' (golpe) e me colocou dentro do carro. Os policiais sabem que a gente está aqui", disse Diego, que, logo depois, tentou se corrigir. "Eles sabem que os black blocks estão aqui", despistou ele.

O Dom Orani esteve na Catedral para a entrega do almoço, mas não visitou o local onde estavam os antigos ocupantes do terreno da Oi. O religioso permaneceu durante 30 minutos no local, conversou com alguns moradores de ruas, mas foi embora sem falar com a imprensa. Ao todo foram entregues 1.200 quentinhas para cerca de 800 pessoas.

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